entre chegadas e partidas

sem lenço, sem documento…

“Amor só é bom se sofrer”

Separação

Voltou-se e mirou-a como se fosse pela última vez, como quem repete um gesto imemorialmente irremediável. No íntimo, preferia não tê-lo feito; mas ao chegar à porta sentiu que nada poderia evitar a reincidência daquela cena tantas vezes contada na história do amor, que é história do mundo. Ela o olhava com um olhar intenso, onde existia uma incompreensão e um anelo, como a pedir-lhe, ao mesmo tempo, que não fosse e que não deixasse de ir, por isso que era tudo impossível entre eles.

Viu-a assim por um lapso, em sua beleza, real mas já se distanciando na penumbra ambiente que era para ele como a luz da memória.  Quis emprestar tom natural ao olhar que lhe dava, mas em vão, pois sentia todo o seu ser evaporar-se em direção a ela. Mais tarde lembrar-se-ia não recordar nenhuma cor naquele instante de separação, apesar da lâmpada rosa que sabia estar acesa. Lembrar-se-ia haver-se dito que a ausência de cores é completa em todos os instantes de separação.

Seus olhares fulguraram por um instante um contra o outro, depois se acariciaram ternamente e, finalmente, se disseram que não havia nada a fazer. Disse-lhe adeus com doçura, virou-se e cerrou, de golpe, a porta sobre si mesmo numa tentativa de seccionar aqueles dois mundos que eram ele e ela. Mas o brusco movimento de fechar prendera-lhe entre as folhas de madeira o espesso tecido da vida, e ele ficou retido, sem se poder mover do lugar, sentindo o pranto formar-se muito longe em seu íntimo e subir em busca de espaço, como um rio que nasce.

Fechou os olhos, tentando adiantar-se à agonia do momento, mas o fato de sabê-la ali ao lado, e dele separada por imperativos categóricos de suas vidas, não lhe dava forças para desprender-se dela. Sabia que era aquela a sua amada, por quem esperara desde sempre e que por muitos anos buscara em cada mulher, na mais terrível e dolorosa busca. Sabia, também, que o primeiro passo que desse colocaria em movimento a sua máquina de viver e ele teria, mesmo como um autômato, de sair, andar, fazer coisas, distanciar-se dela cada vez mais, cada vez mais. E no entanto ali estava, a poucos passos, sua forma feminina que não era nenhuma outra forma feminina, mas a dela, a mulher amada, aquela que ele abençoara com os seus beijos e agasalhara nos instantes do amor de seus corpos. Tentou imaginá-la em sua dolorosa mudez, já envolta em seu espaço próprio, perdida em suas cogitações próprias – um ser desligado dele pelo limite existente entre todas as coisas criadas. De súbito, sentindo que ia explodir em lágrimas, correu para a rua e pôs-se a andar sem saber para onde…

 

Vinícius de Moraes

Faça sua parte!

MUNDO MELHOR

Você que está me escutando
É mesmo com você que estou falando agora
Você que pensa que é bem
Não pensar em ninguém e que o amor tem hora.

Preste atenção meu ouvinte
O negócio é o seguinte: a coisa não demora
E se você se retrai
Você vai entrar bem, ora se vai!

Conto com você, um mais um é sempre dois
E depois bom mesmo é amar e cantar junto
Você deve ter muito amor pra oferecer
Então pra que não dar o que é melhor em você.

Venha me dê sua mão
Porque sou seu irmão na vida e na poesia
Deixe a reserva de lado
Eu não estou interessado em sua guerra fria.

Nós ainda havemos de ver
Uma aurora nascer num mundo em harmonia
Onde é que está sua fé?
Com amor é melhor, ora se é!

Por Pixinguinha e Vinícius de Moraes


Download da versão por Vinícius de Moraes, Toquinho e Clara Nunes

Soneto de amor

SONETO XIV

Ama-me por amor do amor somente
Não digas: Amo-a pelo seu olhar,
O seu sorriso, o modo de falar
Honesto e brando. Amo-a porque se sente

Minh’alma em comunhão constantemente
Com a sua. Porque pode mudar
Isso tudo, em si mesmo, ao perpassar
Do tempo, ou para ti unicamente.

Nem me ames pelo pranto que a bondade
De tuas mãos enxuga, pois se em mim
Secar, por teu conforto, esta vontade

De chorar, teu amor pode ter fim!
Ama-me por amor do amor, e assim
Me hás de querer por toda a eternidade.

Por: Elizabeth Barrett Browning
Tradução: Manuel Bandeira

Pura verdade…

Rapaz de Bem

Você bem sabe eu sou rapaz de bem
A minha onda é a do vai e vem
Pois com as pessoas que eu bem tratar
Eu qualquer dia posso me arrumar
Vê se mora!

No meu preparo intelectual
É o trabalho a pior moral
Não sendo a minha apresentação
O meu dinheiro só de arrumação

Eu tenho casa
Tenho comida
Não passo fome, graças a Deus
E no esporte eu sou de morte
Tendo isto tudo eu não preciso de mais nada, é claro!

Se a luz do sol vem me trazer calor
E a luz da lua vem trazer amor
Tudo de graça a natureza dá

Pra que que eu quero trabalhar??

Por Johnny Alf

Versão com o próprio Johnny e banda em 2005:

Versão por Baden Powell no programa Ensaio:

Entre palavras e imagens – 15º ato

Eu? Que?

Conflito

O que acontece então?
Se tudo está certo
Acaba que não finzaliza
Tá por um fio
Mas não completa
As mãos não conseguem se tocar
Os envolvidos não querem
São de espécies diferentes
Como personagens de um conto qualquer
Fingindo sobre essa realidade
O que seria real afinal?
Acho que é o que vale mesmo para cada um
São seus princípios, suas atitudes
Tudo cada vez mais “down”
Nesses dias tumultuados

Então, por fim
Ficam rodando em círculos
Meros patinhos na lagoa
Distribuindo sorrisos nesta posição
Não sabem mesmo o que é felicidade
Seguem na busca de verdades
Só se atrelam em mentiras
Pra encher o saco, sabe?
Pra atrasar a vida dos outros
Porque no fundo não são honestos
Preferem o puro lero-lero
De um lado pro outro
Igual ping-pong
Não pensam em resolver,
Sim em retardar.

E o tempo é curto
Ainda há muito o que fazer
Existe a hora de concluir
Simplesmente pra terminar
PRA EVOLUIR!

Mais um pouco do poetinha

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

*Por Vinícius de Moraes
Estoril – Portugal, 1939

ou

Download numa versão de “Eu Sei Que Vou Te Amar” por Vinícius de Moraes, Toquinho e Maria Creuza

Leia recitando!

Ausência

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei… Tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.

 

Por Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1935

OST – Primeiro Andar

Disponibilizando na internet toda a Trilha Sonora do curta Primeiro Andar. Um trabalho de criação e gravação maravilhoso realizado por amigos que mostraram em todas as faixas, canções autorais. Muitas foram concebidas vendo as próprias imagens, outras foram adaptadas as imagens que foram feitas. Muito obrigado a todos os músicos que participaram deste processo. Vale também o agradecimento especial ao Douglas de Souza e ao Ruimar Poubel (Estúdio POMAR).

Faixas do disco:

01. Partiu – Pedro Señor Blues e Rick MobBier
02. Que Assim Seja – Jobão
03. Ninguém Vai Nos Parar – Felipe Veira
04. Registro – João Vitor Freitas, Ruimar Poubel, Vitão e Lucas Satler
05. Vambora – Pedro Señor Blues e Rick MobBier
06. Quadrado de Chinelo – Colhé de Chá
07. Vida Alheia – Jobão
08. Segura e Vem – Casa de Bamba
09. Tempo Ocioso – João Vitor Freitas, Ruimar Poubel
10. Sem Pensar no Depois – Colhé de Chá
11. Entre chegadas e partidas – Juliana Michel

Download no 4shared

Formato: MP3
Tamanho: 22 MB

Entre palavras e imagens – 14º ato

Ao infinito e além

Eu que tanto ando
Sempre aos quatro cantos
Indo é que vou procurando
Novas idéias para agregar

Diante deste idealismo selvagem
Guiado pela mais pura curiosidade
Partindo do tamanho deste enorme mundo
Reina soberana então a vontade de tentar

Pelos caminhos mais entranhos
Juntando toda e qualquer descoberta
Insistindo na tentativa da busca
Apenas ver, depois pensar

Assim certamente vou colecionando
Distintas sensações e lampejos de pensar
Nas mais loucas variações
Embaralhando as peças como fumaça no ar

Porções concretas de conhecimento
Nostalgia mágica em lembranças mil
Infinitas oportunidades
Experiências de quem realmente sentiu

Porque toda hora é hora
Tudo afinal, vai ser exatamente como deve ser
Tudo está aí, nos falta enxergar (entender)
Refletir decidindo sobre absorver

Lucas Telles/2010

Entre palavras e imagens – 13º ato

À beira-mar

As luzes
O vento
O chinelo
O momento

Já se passou o natal
Que quase não foi natal
São as promessas de presente
Sob a bela brisa do mar

Mar que toma conta
Não tem fim
Peixes a nadar

Que venha o ano novo
Barcos a vela prontos a navegar
Muitos fogos
Muito branco na multidão

São os portos
São as galinhas
É o sotaque nordestino
Arrodiando a poesia

Lucas Telles
Dezembro/09

OBJETIVA na ESTRADA

Episódio 01 – Machu Picchu

2.3. O repertório

Colocar os pés na estrada e seguir para lugares nunca antes explorados deve ser entendido como uma maneira de perder-se para talvez se encontrar. Mais ainda, é deixar-se envolver por uma inquietação que faz com que tenhamos necessidade de buscar novas experiências e aventuras, desbravar fronteiras e superar limites que nem ao menos sabemos quais são.

Mas afinal, o que todos os homens desejam conhecer? O que buscamos através de uma peregrinação ambulante? Na busca por repostas claras e com certeza um tanto complexas, creio que alguma solução se faz presente quando, ao mesmo tempo, afirmamos que cada um busca para si o que chamaríamos de “peças de seu repertório”.

REPERTÓRIO s.m. (lat. tard. Repertorium). 2. Compilação, coleção. 5. Fig. Conjunto de conhecimentos.

Todos, sem exceção, temos e levamos sempre conosco um conjunto de conhecimentos originados de coisas que já passaram por nossas vidas, mas que são completamente relativas de acordo com a freqüência, a intensidade e a precisão com a qual absorvemos para dentro dessa coleção, qualquer acontecido.

É também esse conjunto, que vem dizer o que somos. Dentro do nosso repertório encontram-se os pilares das nossas maiores crenças, afinal, está ali tudo aquilo que já vimos ou ouvimos falar; o que você simplesmente colocou como parâmetro para alguma coisa da sua vida. Isso em todos os aspectos seja financeiro, pessoal, familiar, religioso…

Como então acreditar e confiar plenamente em nossas próprias concepções se possuímos provas concretas de que, na verdade, não conhecemos nada? O mundo é muito grande e a geografia não nos deixa mentir. Quando temos a real concepção do quanto isso é complexo, chegamos a conclusão de que não sabemos nada; que temos muito que viver e aprender.

Quando reflito sobre… o pequeno espaço que ocupo e que vejo tragado pela infinita imensidão de espaços dos quais eu nada sei e que nada sabem de mim, eu me assusto e fico perplexo de me ver aqui e não lá: não há nenhum motivo para eu estar aqui e não lá, agora e não em outra ocasião. Quem me pôs aqui? (PASCAL).

Logo, se nos mantivermos estagnados, presos apenas aos fatos da nossa vida cotidiana, abriremos mão de conhecer o outro, sem saber ao menos como este será; sem saber se este poderá ou não mudar nossa mais íntima percepção sobre algo qualquer.

Todas as coisas podem tanto perder quanto receber um valor imensurável de maneira inesperada. Temos que ter em mente que o que hoje é bom, amanhã poderá não o ser, mas também, poderá ser ainda melhor. Vai depender da maneira como você vê as coisas, catalogando assim, as peças de “seu” repertório.

Em suma, todos nós temos curiosidade pela busca constante de conhecimento, de aprendizado sendo, o mesmo, absorvido tanto no passado quanto é no presente e será no futuro; em diferentes proporções, é claro, mas que no fundo, são fragmentos de um único e infinito repertório contido em cada um de nós.

* Parte integrante do meu trabalho final de graduação denominado PRIMEIRO ANDAR.

É proibido!

É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.

É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,
Não transformar sonhos em realidade.

É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender os que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.

É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,
Esquecer aqueles que gostam de você.

É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Não crer em Deus e fazer seu destino,
Ter medo da vida e de seus compromissos,
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

É proibido não criar sua história,
Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

É proibido não buscar a felicidade,
Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

*Pablo Neruda

Primeiro Andar

Depois de nove meses a gente conseguiu estrear o filme.

Agradecer todo mundo que participou, que sempre acreditou na idéia.

Equipe!

Minha amiga Andressa, fez uma matéria em seu jornal no dia do lançamento:

Viagem Cinematográfica – Leia a matéria!

Veja o trailer:

O presente sempre ausente

19h no horário de verão

Esta tarde!
Os carros passando,
Pessoas pensando,
E a cerveja no bar.

Viveu!

Chegou, sorriu, venceu depois chorou
Então fui eu quem consolou sua tristeza
Na certeza de que o amor tem dessas fases más
E é bom para fazer as pazes, mas
Depois fui eu quem dela precisou
E ela então me socorreu
E o nosso amor mostrou que veio prá ficar
Mais uma vez por toda a vida
Bom é mesmo amar em paz
Brigas nunca mais

* Tom e Vinícius

Versão João Gilberto:

Entre palavras e imagens – 12º ato

Terça-feira

Quanto modéstia minha flor
Quanto querer, porque sofrer?
Tanta beleza tem o amor
É perceber, enaltecer
Saber viver
Aliviar a dor
Agradecer ao tempo
O tempo que se passou
Sem mau humor,
Sem ser distante
Bem a vontade,
Era sequestro constante!
Foi pelos cantos da cidade
Pelas estranhas confusões
Pela casa em construção
Pelo flamengo campeão!
Tudo regado a muito amor e carinho
Se não não acende, falha!
Calma, olha a lua…
Toma uma água!
Tenta de novo, agora vai!
Tantas risadas, tantas promessas
Até badalos de sino…
Quantos abraços, quantos beijinhos
Mudos!
Ou melhor, ao som do violão…
De João Gilberto a Lulu Santos
Do Egito ao Japão
De novembro a dezembro
Janeiro!

Mas quando janeiro chegar,
Viva somente o momento!
Não fale, só lembre…
Desse tempo meu bem!

Lucas Telles
Dezembro/2009

Entre palavras e imagens – 11º ato


Cidade Maravilhosa

Por lá a vida tem outro ritmo.
Como as ondas e as marés.
Como o samba nas canções.
Como um rio que corre pro mar.
Mar infinito que encanta e rodeia.
Enquadra a cidade.
Linda.
Areia quente, calor 40º.
Pele queimada, sorriso franco.
Olha O Globo, olha o Mate.
Água de côco e futebol.
Dá-lhe, dá-lhe Mengoooooooo.
É gooooollll! O maraca vem  abaixo.
Oh meu Cristo Redentor!
Abençoa e protege a minha cidade.
Amedrontada, maltratada.
Maravilhosa.
Saudades de casa.
Saudades do lar…

Entre palavras e imagens – 10º ato

Vai!

Tanto a gente pensa
Tanto a gente sente
Pouco a gente tenta
Pouco a gente faz

Pensa que podemos ser
Sente que nunca seremos
Tenta pra ludibriar
Faz pelo consentimento

Pensa que talvez não vá
Sente que talvez iremos
Tenta pra equilibrar
Faz pelo pressentimento

Vai pensar, vai sentir
Vai tentar, vai fazer

Vai, porque a vida quis assim
Elegeu o tempo em mim
Por caminhos intrigantes
Eu vou

Vai, que esse tempo vai passar
Tempo este para estar
Instigado a buscar
Em função desse tentar

Lucas Telles

O poema do poeta

Se você quer ser minha namorada
Ai que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exatamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer
Um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porque

E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos tem que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem de ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois

 

* Vinícius de Moraes

 

Versão em um pout-porri por elis regina e jair rodrigues.